20 de jul. de 2010

Pilates e Psicologia

Por Ana Paula Pongelupe

Há três anos faço aulas semanais de Pilates. Como tenho um desvio na coluna, desde muito cedo cuido do meu corpo, da minha saúde. Mais do que um alívio para a minha saúde, estas aulas tem sido um aprendizado pessoal e do outro. E isso tem a ver com a psicologia, minha profissão, com o meu conhecimento do ser humano e com a experiência de cada aula.

A primeira coisa que fazemos na aula: se olhar no espelho, parece bobagem, mas não é, poucas pessoas se encaram num espelho e de corpo inteiro, normalmente olham para partes, as que mais gostam ou as que incomodam. Muitas não se reconhecem naquela imagem refletida.

Exatamente como funcionamos psicologicamente. Dificilmente reconhecemos determinadas características emocionais: medos, mágoas, raivas, sensibilidades, dificuldades e habilidades. Poucas dizem “como sou boa nisso” ou “não sei lidar com determinadas frustrações”. Negamos até as qualidades imagine as dificuldades. Não nos vemos e muito do que vemos está sob uma ótica comprometida. E dificilmente concordamos com o que as pessoas vêem em nós.

Em seguida vem a postura para o alongamento. É impressionante como é difícil ficarmos com uma postura correta, centrada. Cabeça, pescoço, ombros, quadril, pés. Quando nos alinhamos corretamente, nos sentimos esquisitos, tortos, desconfortáveis. Tantos anos de posturas inadequadas que nos acostumamos com o “torto”. É mais ou menos assim com nossas emoções, acostumamos com pessoas nos desrespeitando, invadindo nossos limites, abusando de nossa paciência ou nos culpando e por fim, achamos que é assim mesmo, “torto”.

Quando alongamos nos damos conta do quanto estamos “enferrujados” e o quanto é gostoso esticar lentamente cada parte de nosso corpo e vamos tomando consciência de nós, de nossas limitações e potencialidades. Faço outro paralelo com as idéias e sentimentos que deixamos guardados por tanto tempo que nem conseguimos mais mexer nelas, verdades ultrapassadas, mágoas enferrujadas. Ao mexer, range e dói e isso nos imobiliza emocionalmente. Ao liberarmos as emoções nos conhecemos melhor e o nosso potencial aflora. O exercício, seja físico ou mental, tem que ser exercitado todo momento.

Outro ponto fundamental no Pilates é a respiração, tudo tem que estar sincronizado com a respiração expirar quando se faz força e inspirar na volta. Momento de consciência do corpo, da nossa força, capacidade, habilidade. Respirar profundamente é o grande segredo quando passamos por um momento difícil que exige nossa força, controle e sabedoria. E nessa hora usar nossa inteligência e nosso coração para poder responder à situação de maneira adequada.

As mudanças no nosso corpo, quando fazemos Pilates, é lenta assim como quando fazemos terapia, o processo precisa de nossa determinação e empenho.

Não vejo o corpo separado do psicológico, não vejo a saúde ou a doença de uma só parte, somos um todo e todas as partes estão interligadas.

Ana Paula Pongelupe é Psicóloga Clínica em Brasília-DF e aluna do Stúdio Corpo Pilates

Um comentário:

  1. Fantástico Ana Paula. Perfeita analogia entre o Pilates e a Psicologia.

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